terça-feira, 11 de novembro de 2014

.Onze II

Hoje era suposto escrever.
Mas nada em mim são palavras.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

.Afinal

Afinal era tudo uma história,
Aquilo que se dizia, que tocava.
Aquele nosso é só memória
E eu nem te encantava.
"Nem ela a mim me amava",
Pensei eu ontem pelas ruas.
Cru como quem se corta,
"Nem ela a mim me amava".
Que boca era essa que eu beijava,
Cega de luz e tão carente.
Era um beijo que de tão quente,
Só a mim me consolava.
"Será que ela nem me amava?"
Eras tudo o quanto sonhava
E mesmo assim...
A mentira é um fim tão ruim.
Mais valia a verdade no início
Do que ter perdido assim.
O amor não se mente
E sabe quem sente.
Que o amor não tem fim.
Ela não me amava e ainda assim...
Há quem a espere... ainda assim...

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

.8.46h

Hoje dormi sozinha numa cama contigo.
Dormi num corpo que é meu amigo. Num olhar que já não é o antigo, num beijo frio que soube a perigo. Hoje contigo dormi sozinha. Quieta, solidão que não passou. Meu peito não te encontrou e eu pensei que era tua. Mas tudo o que é meu flutua e eu estou agarrada ao chão. Não te faz confusão? Amor, eu e tu não pode ter sido em vão. Se assim foi, porque gira o mundo então? Ficaram as roupas pelo quarto, o cheiro a ti que nunca me farto. Mas nem aí, tu foste e eu estou tão só como só estive toda a noite. Eu quero-te tanto que nem sei se te conte. O amor não é visão que se esconde. Fados mil, encontra-me a meio da ponte. Eu prometo, amor, eu prometo. Eu levo-te comigo. Amor, eu prometo. És tudo aquilo que te digo. Fica, serei abrigo. Cuida de nós e eu conto contigo. Não vou ser uma história que não se escreveu e quantas vezes te escrevi eu? Em tudo foste tu que deixei de ser só eu. O teu é meu e o meu é teu.
Eu espero. Decidi na hora. Quanto tempo leva aquilo que demora? Espero uma vida ou vens agora?

domingo, 5 de outubro de 2014

.Apatia

Hoje vi-te beijar outra boca.
E nem sei que palavras me saem.
Como corda que nos sufoca
Foi como sonhos que caem.
Não era eu, mas era alguém.
Eras tu,  só eu entendo.
Mas éramos nós, mais ninguém.
Nem acredito mesmo vendo.
Um abraço do desgosto.
Amor que perdi sem querer.
Desse dia, o sol tão posto
De hoje, só o anoitecer.
Onze contos, onze histórias.
Corpos tão incandescentes.
Cada beijo, tantas glórias.
Não são meus lábios que hoje sentes.

terça-feira, 20 de maio de 2014

.Intuição

Não tens nada que seja meu nem tão pouco que teu seja. Mais vale saber quem sou do que ser alguém que se veja. Falas muito, mas não é amor, que não há saudade que te demova. Só me tens aqui plantada esperando que outra chova. E eu nem sou de me queixar, podias pensar um pouco. Se de mim não te alimentas, ao menos tira-me do sufoco. Não tenho fé nem esperança, rezar de nada serve. Se Deus fosse meu amigo, pagava-me o que me deve. Mas nem por linhas tortas, Ele quis que fosse tua. E eu nem pelas direitas, me deito contigo nua. Tantas o fizeram,  com medo de te perder e eu só me arrependo de ter pago para ver. E para quê se não te entendo nem vale a pena responder porque tu és só tormento e eu sou mulher para valer.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

.Rascunho

Não tenho âncoras para tanto rio nem um abraço que me cubra o frio. Gelada cortina que se deixa cair, como as casas que vejo sem amor a ruir. Não me contem histórias, não quero ouvir. Não saias do teu sítio, prefiro ser do que sentir. Passeio as malas que fui enchendo, passando por tudo o que fui conhecendo. E não conheço ninguém, não sou de ninguém. Por certo que sei que sou alguém. Mas quem? E se tenho alma, de onde vem? Que destino fez de mim o bobo em vez do rei? Fala baixinho como vento e Deus sabe que eu tento. Oiço as palavras mas não ficam dentro, são verdades de um só momento. Eu esqueço e perco o alento. De tudo o que fui, só queria a esperança que nem toda a tempestade trás a bonança. Se me ouves, é no teu peito que o meu dança. Eu, tu e a lembrança.

domingo, 6 de abril de 2014

.Sete Mares

Eras o que eu nem sabia que viria, todas palavras num só dia e eu nem sei onde me perdi. Voltei atrás e não te vi. Sonhei de novo e só senti que o presente não me quer a mim, quer tudo o que não vivi. Eras como se não tivesses importância, porque eras tudo o que é importante. Como do navio, o comandante que ninguém sabe o nome. Eras do meu futuro, o sobrenome. E hoje já nem existes e ainda assim, na minha alma persistes, como se só a memória te fizesse viver quando eu mesma te vi morrer nos braços de quem eu não conheço. E ainda bem que não te mereço que de ti já pouco vejo. Talvez a voz desse desejo seja a luz que nunca vejo quando em mim morreste num beijo que foi a mágoa, o fim da fita, um miragem. Que o amor não nos deixa margem, obriga e cria uma desvantagem. Só quem se perdeu sabe que é de coragem, abrir os olhos, viver de passagem porque dói ser de verdade quando nessa verdade só existe o comandante do barco Saudade.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

.Cruzes

Banhei o amor em chás que fossem calmas,
Dei-lhe banhos de sal tão grosso que doeu,
Que Deus ore e reze por estas tristes almas
Que em tantas horas também sentem como eu.
Cada passo em vão me atropela e ultrapassa,
Cada sopro me destina um destino tão frio.
Aqui, só a saudade me fala e me abraça,
Aqui, nada guia para o mar este pouco rio.
O silêncio diz-me tanta cruel e vã verdade,
É um amigo que me dá e me tira a solidão,
Tolda-me a visão que tenho da realidade
E já não sei se é real esta minha indecisão.
Peco por não saber já quem me conhece,
Já nem sei conhecer-me a mim como sou.
Parece que o coração se apaga e esquece
De quem fui, quero ser e quem o mar levou.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

.E Então?

E então? Ao fim de tantos casos errados, outro caso mal amado, sem dores que sejam novas. Sem paz que se compre, sem amor que se conte, sem fins que desenrolem. E então? No fim de contas, tudo pago, nada em divida e tudo cobrado. É? E então? Sofro menos por me dar com limites e será que tu sabes onde me encontrar quando nada fizer sentido? Nada faz sentido, nem a luz nem o meu abrigo. É tudo dó, é tudo pena. E a pena de tão grande é serena, como alma que de tão pequena, errou outra vez sem par. Sem ar, sem promessas, sem interesses e as dores, essas, são loucuras de amores injustos. Perdi no caminho as pedras desse castelo e aqui de longe, ao vê-lo, não sei se fui eu quem o juntou. Mas fui eu quem o amou, fui quem dele cuidou. Sozinha numa enorme confusão, as pedras perdidas e a ilusão. E a desilusão.

E então? Sofre-se mais quando fala o orgulho, que não fala mas faz das memórias entulho e em nada se revê um bem-querer. Tudo é amargo e gosto de saber que por errar uma vez, se perde uma pessoa... duas ou três.

sábado, 1 de junho de 2013

.Confronto

Queria perguntar ao teu desejo
Se afoga as dores nesse ferver,
Se encontrou conforto no beijo
Que sabes ser doutra mulher.
Pergunto se quando te chama,
Se o peito explode como fazia,
Se a voz dela também te engana
Com tanta verdade, como eu dizia.
Escuta, olha-me nos olhos, jura
Diz que amas essa mulher, diz!
Ela não tem culpa de não ser cura,
E das feridas não será cicatriz.
Sabes bem que o amor é só um,
Não fui eu e ela também não será.
Pois o teu coração é só nenhum
No meio do nada que não virá.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

.Glória

Caminhos que são discretos,
Escondidos sonhos em vão,
Água que nasce nos desertos,
Sedes que cegam o coração.
E tu, diz-me a pura verdade,
Não tens razão nem escolha,
Porque te cobra a saudade
Se és só uma branca folha?
E em ti escrevo a amargura
Que me dás e não te prende
Pois nem essa tua doçura
Me alivia a dor que se vende.
Troco este final de história,
Por outra história qualquer.
Não é digno fim sem glória
Não fosse eu apenas mulher.

terça-feira, 7 de maio de 2013

.Intenções

São ternuras perdidas em almas escolhidas, sombras vividas na paixão que revela o calor. E eu sou perdida por eles, louca e mal-amada, cega e desesperada sem neles me rever. E escondo a vontade de ser casada, com um olhar que não me é nada e sei que o tempo não pára e eu me canso de correr. Os esforços mal aplicados, noções de quem faz rolar os dados, caminhos contrários à verdade que me afastam de tantos fados. Os destinos que escolhi não foram desenhos que em mim fiz. Deixei-me pintar e fui olhando para os quadros que eu quis. Diferentes luares não são luas diferentes e o sol que brilha é só a brilhar. Mas os teus olhos são tão quentes que de, tão frios, me pedem para amar.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

.Condenação

(Escrito com 18 anos, no fundo da amargura. Que não se volte a repetir e que este apelo ao céu chegue)

As pedras da calçada bem que viram,
Os passos tortos que a vida me deu,
Ou fui eu que os dei à vida e mentiram
Os passos da alma quando se perdeu.
Condenam-me apenas por chorar,
Sabendo que sem mim, nada existe.
Condenam-me apenas por amar,
Sabendo que sem amar, nada resiste.
E o que era meu, fui deixando a norte,
E que era nosso, perdi no caminho.
A minha vida não conhece a sorte
E o meu coração, anda sozinho.
As dores que a vida me nega agora,
São janelas que o amor me abriu.
Sei que há um mundo meu lá fora,
Mas o que era meu também já fugiu.
Eu amo tanto que parece que esqueço
Que amar é fruto da triste solidão
Porque olho para ti e eu não mereço
Ser senhora desse perfeito coração.
Se o azar me bater hoje à porta,
Se fores embora para nunca voltar,
Deixa em mim a esperança morta
Para me impedir de voltar a amar.


sábado, 9 de março de 2013

.Dicionário

Utopia. O sonho de ser quem fui ou o sonho de ser quem era. Fui pequena mas inocente e agora não sou mais que quimera. Era alguém que tinha sonhos, fiz planos e croquis. Afinal, obedeci ao que o destino tanto quis. A utopia é hoje a certa hora, em que penso que posso sonhar, pois sonhei outrora e hoje não me sei lembrar. Temer o que não é meu ainda, prende-me os pés ao chão. Mas à Terra, a minha vinda, terá que ter explicação. Suponho agora que a metáfora é utópica só por si. Dou aos sonhos outro nome para vê-los crescer em mim. Deles tiro o imediato, o que posso fazer prontamente pois o que é maior é só um buraco que eu abri de repente. Escondi-me de pequena que sou e não posso ver ninguém. A coragem alguém me levou e só queria ser alguém. Não tenho pena de mim, já tive mas foi embora. Porque se me sinto assim, é culpa minha agora. Lutar é inútil se sou tanto desespero. Talvez me sinta fútil por ser sonsa sem tempero. Vejo-vos todos lutar por alguém, e fazem bem, sim. Mas eu sou eu esse alguém e ninguém lutou por mim. Utopia é querer acreditar que a vida é mais que isto. Quem sabe, noutro lugar, eu descubra o imprevisto.

terça-feira, 5 de março de 2013

.Pick-a-boo

Já não suporto a solidão,
Amiga em tantas horas.
Já só lhe peço perdão
Por todas as demoras.
Fui amante da verdade,
Escondida só de mim.
Perdida na realidade,
Afastada do meu fim.
Atrás de tanta virtude,
Atrás de tanta loucura,
Perdi como quem ilude
A vontade de ser ternura.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

.Verde Esperança

Antigas vontades do cigarro ao luar,
Vêm ocupando a cabeça perdida
Que se cansa de tanto em ti pensar
E nem sabe se te acha nesta vida.
Canto baixinho aos que ouvem,
Choro as mágoas que são tuas.
Esperança e amor tudo movem
Menos as espadas frias, tão tuas.
De manhã, pesa-me o desamor
E à noite, a falta de me perder
Neste teu barco com tanta dor
Que teima em ser sina sem o ser.
Esperanças de um só dia de sol
São esperanças sem fundamento,
Porque eu sei-me presa ao anzol
Que me roubou nesse momento.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

.Tinta

Ficou marcado tipo ferida
Capaz de ser tão eterno
Que nem a tua bem dita ida
Calou o meu aflito inferno.
Um beijo foi na escuridão,
Luz, calma na paz perdida.
Foi loucura na confusão
Donde saí tão bem iludida.
Ficou marcado como tinta,
Como tanta dor, tatuagem.
Já não sou a tela onde pinta
A vontade da tua miragem.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

.Tentativa II

Dói quando não te sinto aqui,
Porque te sinto em todo o lado.
Olho em volta e só me vejo a mim
Mas oiço-te pensar neste fado.
Abro olhos para ver-te chegar,
Mas nem sei de que lado vens.
Se chegas em boa hora ao lugar
Que para sempre em mim tens.
Às vezes tenho saudades tuas,
Às vezes digo-to sem temer,
Às vezes sinto, noutras luas
Este meu medo de perder.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

.Os Dois

Para que escreves tu, fala...
Coração que não vê, não sente.
A história não posso mudá-la
E o provérbio sempre mente.

Se não vejo, vou sentindo...
Toda a falta a cada momento,
Se bem que me vou mentido
E o que não tenho, invento.

Poucos passos  fui dando
Poucos avanços já vivi...
Mas sempre vou escrevendo
Sobre o que vive em mim.

Esperança que não volta mais,
São longínquos sonhos distantes...
Mas ainda quero ilusões vitais:
Dois corpos, duas almas, dois amantes.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

.Ira

Tristezas muitas, sem perdão.
Pequenos erros do caminho,
São gigantes na minha mão,
Afogados em tanto vinho.
Vivo feliz para quem olha,
Cansada, ao olhar-me só.
Cheias de cores, esta folha
Mas branco livro, tanto dó.
Tão nova e tão pequenina,
Tão farta de tamanha pena.
Quis tanto ser a tal heroína
Que não sou sequer serena.
Inquieta na tamanha solidão,
Insatisfeita de tanto desejar.
Mas acompanha-me, coração,
Havemos de um dia chegar.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

.Fadista

Lua, que tanto queres brilhar.
Sol, que me cegas a saudade.
Só de noite sei ver e sonhar,
Mas noite só me trás vontade.
Letras soltas em carne viva,
Sangue vivo de alma sofrida!
Perco o rumo à expectativa,
Entre dia e noite, tão dividida!
Aceito os fins que não foram,
Meios que nunca sequer vivi.
Os fados que agora choram,
Foram de destinos que sofri.
Dores que nego mas aceito,
O que o coração despista,
É com o que hoje me deito,
O maior sentido de fadista!

sábado, 14 de abril de 2012

.Foi meu

Não consigo expressar a dor,
Não escrevo por não conseguir,
Porque foi tão grande o amor
Que me falta caminho a seguir.
Foi, escrevo para me enganar,
Como quem não sabe a verdade.
Se amei ontem, continuo a amar
O que me ilude é só a saudade.
Acredito que já não exista agora,
O que foi meu e será inconsciente,
O que me atrasa no tempo, demora,
E esta agora preso noutra mente.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

.Contrária Justiça

Se julguei que amava o eterno,
Descubro que amo o incerto.
Vivo o amor em pleno Inverno
Amando com o calor do deserto.
Dou tempo, dou suor e vontade,
Recebo palavras, nomes irreais.
Sou escrava daquela saudade,
Pedra dura em fracos cristais.
Levo o peso de já nem saber,
De pedir perdão sem calcular,
Porque tanto faço te sofrer
Quando contigo me falta o ar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

.Onze

Não existe tamanha luz,
Nem tamanha imensidão,
Como o oceano que seduz
No meio da escuridão.
Brilha agora, bonita atitude,
Que foste ódio e desgaste.
Chega, amor, tão amiúde
Que, tarde, sempre chegaste.
Olhos que não vêem, cegos,
Não sentem o meu coração.
Olhos cegos que não sentem,
Vivem felizes na minha ilusão.

Ninguém me mandou ver,
Ninguém julgou que sabia,
Mas o ódio que senti ter,
Levaste, às onze, naquele dia.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

.Mastiga e deita fora

Quis ser amante dum coração,
Fui amante duma miragem,
Veio e alimentou a ilusão,
Saiu feito foto ou filmagem.
Fui usada e ouvi até dizer,
Que iria em frente e ficava.
Estou agora a perceber
Que mentia e falsificava.
Sei também que ocupou,
Por pouca sorte, ventura,
Meu lugar, ou o que ficou,
Outra pequena aventura.
Sofrerá o que eu sofri,
Chorará o que não choro,
Porque eu gostei de ti
Mas ao passar, melhoro.

sábado, 8 de outubro de 2011

.Vem

Vem, que estou farta de lutar sozinha.

Vem de novo que estou farta,
Farta de esperar por ti, por nós.
Estou num abismo que mata
E vejo-nos tão e sempre sós.
Se sozinha estou, aqui, perdida,
A solidão que também tens contigo.
Porque ando sempre escondida,
Num mundo tão velho, antigo?




sexta-feira, 30 de setembro de 2011

.Fins dos meios

O que foi feito em defeito,
Engenho, arte e loucura,
Foi escrito bem a jeito
De quem só procura.
Não finjo a maldade,
Porque não a tenho,
Mas tenho saudade
E por este meio venho.
Palavras contigo só são,
São o que são, o vento.
Voam agora só na ilusão
Daquilo que ainda tento.
Volta nas horas certas,
Leva pensamentos feios.
Decisões agora incertas,
São fins que justificam meios.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

.Querer/Poder

Queria ser altiva,
Bem falado amor,
Já quis ser Diva,
Já quis ser actor.

Já quis que me quisesses,
Já quis que fosses perto.
Já fiz com que fizesses
Da lágrima, um deserto.
Já pude ser infalível,
Já pude ser perfeita,
Agora quero o inatingível,
Tu, na hora da desfeita.

Queres agora,
Só podes amanhã.
Não jogues fora
Confiança sã.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

.Tempo (a ti que mo fazes demorar)

Tempo, que es tão pequeno no relógio,
Tão cheio de manhas e tanto critério
Não se te diga o que é tão óbvio,
Se te marque como Rei do Mistério.
Passaste tão depressa no que foi bom,
Passas tão devagar à beira da morte
Que já só quero que venha de bom tom
Acabar com o que falta da minha sorte.
O amanhã, tão pior e tão cheio de nada,
Cheio de tempo que custará a passar,
Pensa que na cama onde fui amada,
Outro alguem te vai também amar.
E agora, tempo, que te digo e faço?
Teimas em lavar a minha roupa suja.
Do coração, já só tenho meio pedaço
Passa logo para que por ti, fuja.
Não sei se digo como bem-amado,
Quando amada afinal já não sou,
Sei que, rápido, és tão desejado
Como o que tão rápido por mim passou.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

.Esquece

Enquanto ficas e esqueces,
Eu choro, grito e condeno.
Enquanto ignoras e vences
Eu perco e engulo o veneno.
Eu fico sozinha e pesada,
Feita de medos e vontades,
Eu não fui a única errada
E só eu aguento as saudades.
Espero-te, tremendo tempo,
De costas voltadas à vida,
Que viver por um momento
É viver comigo já esquecida.

.Se dói, existe

Achas que o tempo tem alma?
Acha que cura a tua dor?
É cruel e nunca te acalma,
O tempo só cria o Rancor.
Dói agora e vai doer sempre,
Virá lembrando o teu sono,
Que um coração tão doente,
Não tem alma, cor nem dono.
Procura, cego, em porta certa,
Novos olhos, novas visões,
Nada velho servirá de alerta
Tudo o que é velho, são ilusões.
Deixa de acreditar na paz,
Larga de vez a errada fé,
Muda contigo e serás capaz
De ver no mar, nova maré.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

.Leis e Direito


A loucura fez-me aceitar,
Pontos e acordos comuns
Que não renego ao falar
Que remorsos tenho nenhuns.
Foram cláusulas de amor
Regras que o destino quis.
E só porque causam dor,
Não apagam o que fiz.
Vale a pena ficar e ser aqui,
Vale a pena vir a rejeitar
O fim da eternidade e vida por ti,
Porque só te sei e quero amar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

.Fim do Surreal

Não há neste mundo real
Nem nos outros que virão
Menina tão rara e surreal
Como a dona do meu coração.
Simples e feita de doce,
Grande e feita de mar,
Como se de algodão fosse
É suave em querer amar.

Procuro e não encontro
Em prosa ou poema algum
Menina que seja o ponto,
Fim de mundo nenhum.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

.Inteira

Não páro pela verdade que menti
Não páro para olhar para trás,
Pego na tua mão, olha bem e sorri
Fugimos de tudo, sonha e serás.
Num mundo novo, sem guarda cerrada
Nem ninguém que diga o contrário,
Vivemos sem me sentir errada
Sem o peso dum duro horário.

Vem comigo, tem pressa de chegar.
Noite de muitas, sempre primeira.
Dorme quente sem ter medo de amar,
Porque amar assim é uma vida inteira.

quarta-feira, 10 de março de 2010

.Menina

O corpo veste prata
O olhar veste o luar
A boca veste veludo
Que vicia no amar.
As palavras somam
Lágrimas de brincar
Tudo em mim sorri
Se te vir chegar.
Parei o tempo por ti,
Por não poder ficar.
O que será de mim
Se nunca te achar.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

.Utopia

Amo-te sim, na verdade pura.
No mais doce da melhor amora,
Amo-te enquanto o sempre dura.
Hoje, amanhã, sempre e agora.
Não me mintas na vontade,
Diz-me tudo o que sentes
Porque vais deixar saudade
E não quero saber se mentes.
És o mais perfeito erro,
Peco só por tanto querer amar.
Ver teus olhos quando os meus cerro
É o mais doce querer ser para errar.

.Dentro de mim

Dentro de mim vivo eu.
Vive o medo de não ser,
Ser verdadeira com o meu
Que ninguém quer ver.
Mas esse mundo dói.
Pesa-me como fardo
Que o meu amor mói
E o vosso não é dado.
Não entendem a verdade,
Sou eu quem pensa assim.
Eu sei que têem saudade
Do que vive dentro de mim.

domingo, 30 de agosto de 2009

.Mulher

Já pesas em mim como eu nunca quis,
Já fazes esquecer o tempo como vento
Que passa leve como palavra de quem diz
A mentira do quanto sente por dentro.
Já sorris sem sequer estares presente
Nos sonhos que persegues sem avisar.
O olhar perfeito de quem está ausente
Mas sabe sentir quando se vê apaixonar.
Reconheço-te tão frágil e meio só
Quando todo o mundo te afaga e quer,
Sei-me toda nessa tão pura verdade
Que nos une apenas, por ser mulher.

Se o carnal é escrito como errado,
Espero nunca te fazer sequer tentar.
Que venhas pelo bonito e acertado
Para que nunca te arrependas de pecar.

sábado, 11 de julho de 2009

.Disfarce


Tenho medo por mim,
Por quem me ama.
Tenho medo que ao fim
Não tenha colo nem cama.
Sofro por ser tão assim,
Como quem retira a rama
E descobre então jasmim
No pântano que meu nome chama.
O demónio veste-se de querubim
No desejo que te dá fama.
Corpo que de cabedal faz cetim
Noite que o dia aclama,
És a vontade de dizer sim,
Protagonista do maior drama.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

.Olhar sem ver

Não quero que me vejas assim,
Sem meio termo para não chorar,
Sem rede que me cuide de mim
E sem ar que me deixe respirar.

Quero que me tenhas sempre feliz,
Se algum dia quiseres ser parte.
Vais ter-me como quem sempre quis
E prometeu sem ter, nunca deixar-te.

Ver-te na tua essência mais pura,
Num mundo que de teu nunca passa,
É correr sozinha na pouca aventura
Num amor profundo que me escurraça.

Se soubesse que me tinhas em falta,
No meu fim que o poderia não ser,
Apagava as luzes poucas da ribalta
Para que pensasses em mim sem querer.

Só queria que me olhasses de frente
E me deixasses tentar sem temer
Mostra-te como sofre a gente
Que sem ter, tem medo de perder.

Passos Caricatos

O fado que eu escrevi, foi o que para mim quis. O fado que me foi escrito, eu cumpro e nem acredito.