Não tenho âncoras para tanto rio nem um abraço que me cubra o frio. Gelada cortina que se deixa cair, como as casas que vejo sem amor a ruir. Não me contem histórias, não quero ouvir. Não saias do teu sítio, prefiro ser do que sentir. Passeio as malas que fui enchendo, passando por tudo o que fui conhecendo. E não conheço ninguém, não sou de ninguém. Por certo que sei que sou alguém. Mas quem? E se tenho alma, de onde vem? Que destino fez de mim o bobo em vez do rei? Fala baixinho como vento e Deus sabe que eu tento. Oiço as palavras mas não ficam dentro, são verdades de um só momento. Eu esqueço e perco o alento. De tudo o que fui, só queria a esperança que nem toda a tempestade trás a bonança. Se me ouves, é no teu peito que o meu dança. Eu, tu e a lembrança.
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