Tempo, que es tão pequeno no relógio,
Tão cheio de manhas e tanto critério
Não se te diga o que é tão óbvio,
Se te marque como Rei do Mistério.
Passaste tão depressa no que foi bom,
Passas tão devagar à beira da morte
Que já só quero que venha de bom tom
Acabar com o que falta da minha sorte.
O amanhã, tão pior e tão cheio de nada,
Cheio de tempo que custará a passar,
Pensa que na cama onde fui amada,
Outro alguem te vai também amar.
E agora, tempo, que te digo e faço?
Teimas em lavar a minha roupa suja.
Do coração, já só tenho meio pedaço
Passa logo para que por ti, fuja.
Não sei se digo como bem-amado,
Quando amada afinal já não sou,
Sei que, rápido, és tão desejado
Como o que tão rápido por mim passou.
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